O Conselho Federal de Medicina (CFM) anunciou o lançamento de uma ferramenta baseada em Inteligência
Artificial (IA) para buscar ativamente falsos especialistas em redes sociais como Instagram e Facebook.
Ela deve estar ativa a partir de setembro.
A novidade foi compartilhada por Jeancarlo Cavalcante, vice-presidente do CFM e Head do Departamento
de Inteligência Artificial da organização, durante o Afya Summit 2025, no sábado, 23, em São Paulo.
O evento reuniu em torno de 1.500 profissionais de forma presencial e online para discutir temas da medicina do futuro, como saúde digital, atuação profissional nas redes sociais, IA, entre outros.
“Hoje, nós vivemos no Brasil uma epidemia de falsos especialistas e os conselhos de medicina não têm pernas para conseguir alcançar essas pessoas”, disse Cavalcante na ocasião. Ele afirma que essa é a primeira de quatro ferramentas baseadas em IA que devem ser lançadas pela instituição nos próximos meses
Ainda sem nome revelado, a busca é feita a partir de uma comparação entre o nome utilizado nas redes sociais, a titulação divulgada e o banco de dados do CFM. O objetivo é identificar não apenas os falsos especialistas – que não possuem registro algum de especialidade –, mas também fraudadores.
Se encaixam neste caso, por exemplo, um profissional que afirma ser nutrólogo, mas tem um Registro de Qualificação de Especialidade (RQE) de Clínica Médica.
“Quem é especialista? Quem fez residência médica ou quem tem o título de especialista. Muita gente tem feito cursos de pós-graduação com duração de um final de semana, de algumas horas, e se divulga como especialista. Isso não é correto. Nesse caso, ele é um médico com pós-graduação em dermatologia, não um dermatologista”, explica Cavalcante.
Atualmente, a fiscalização dos conselhos regionais de medicina atua principalmente a partir de denúncias realizadas pelos cidadãos, mas, sem o aparato tecnológico necessário, adotar uma postura mais pró-ativa ainda era uma dificuldade.
Em um primeiro momento, a proposta é que, uma vez identificado um falso especialista, a informação seja repassada à Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos responsável (Codame). O órgão é o braço dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) que orienta e fiscaliza a publicidade médica, garantindo que o conteúdo siga o Código de Ética Médica e outras resoluções.
“A partir daí, o Codame deve acionar esse profissional e aplicar o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que, em resumo, exige a retirada do conteúdo publicado.”, explica Cavalcante. Caso o profissional siga a orientação, o assunto é encerrado. Caso haja negação, é aberto um Processo Ético- Profissional, que após a tramitação pode resultar em penalidades que vão desde uma advertência confidencial à cassação do registro profissional.
O vice-presidente do CFM afirma que, a longo prazo, o objetivo é converter esse tipo de atitude como crime contra o consumidor e sinaliza que tentativas de diálogo nesse sentido já estão acontecendo. “O próximo passo é tentar trabalhar junto ao Secretário Nacional do Consumidor e do Ministério da Justiça para converter isso em crime, pois entendemos que se trata de uma prática enganosa que pode comprometer a segurança do paciente.”
Departamento de Inteligência Artificial
Em abril deste ano, o Conselho Federal de Medicina anunciou a criação do Departamento de Inteligência Artificial, como publicado pelo Futuro da Saúde. À época, Jeancarlo afirmou que “a ideia surgiu da necessidade de o CFM acompanhar a nova ordem tecnológica da medicina”.
O departamento atuará com base em dois eixos principais: a regulação do uso da inteligência artificial e o desenvolvimento de ferramentas que estimulem a inovação no setor, tanto para uso no contexto clínico quanto para a própria regulamentação – a exemplo do anúncio no último dia 23.
Fonte: https://futurodasaude.com.br/falsos-especialistas-cfm-ia